E aí, Corredor?!
Os três meses de preparação intensa, 6 meses se contarmos o tempo que pensamos em nos preparar para a Maratona do Rio de Janeiro, valeram à pena! Encarei a Maratona carioca muito bem, assim como todos os amigos da Equipe X que conseguiram completar esta difícil prova.
A Maratona Caixa da Cidade do Rio de Janeiro começou para nós às 5h da manhã. Saímos por volta de 5h30 para o local da largada, tantos os maratonistas como os meia maratonistas. As largadas eram às 7h30 e 7h, respectivamente, e no Recreio e Barra, um pouco longe de onde estávamos. Daí a necessidade de sairmos tão cedo. E isso se mostrou importante já que o trânsito estava intenso. A galera da meia maratona chegou com 10 minutos de atraso, mesmo tendo saído tão cedo.
Nós, maratonistas, chegamos com 40 minutos de antecedência. Estávamos lá: Orion e seu irmão, Susete, Chamon, Eduardo, Ivan, Ivanilson, Tião, Paulinho, Edna e Gabriel, Cássio e eu (Caique). Cada um desejando sorte para o outro. Afinal, dividimos nos 6 meses anteriores nosso tempo, principalmente nos últimos 3 meses, em corridas longos pelas ruas de Brasília. Não fosse a força do grupo, acho que não conseguiríamos ter treinando tão disciplinadamente.
Era uma manhã fria de inverno no Rio. O sol, que estava constante até o sábado, desapareceu justamente no domingo, o que não foi de todo ruim por que pudemos correr com o tempo fresco, sem sentir os efeitos da intensa umidade carioca.
Dada a largada, corremos próximos uns 200 metros. Depois, era cada um usando de sua estratégia. Ivanilson logo "rasgou" à frente, sumindo das nossas vistas. Logo depois foi a vez de Tião e Ivan. Eu e Edu, assim como nos treinos, permanecemos juntos, correndo num ritmo cadenciado, de 4:40min/km.
Passamos o Recreio e a praia da Reserva assim, com um puxando o outro quando parecia que íamos ficar. No meio da Barra, depois de um posto de água, Edu começou a ficar. Esperei um pouco, olhei para trás e vi que ele estava bem, mas tinha reduzido o ritmo. Resolvi continuar com o meu, certo de que mais à frente ele chegaria junto de novo e até me passaria. Mas não foi assim, e daí por diante, segui a Maratona toda sozinho mesmo.
Aumentei o som e fui indo. Depois de completados os 21k (uma meia maratona), avistei Ivanilson bem ao longe, já subindo no Elevado do Joá. Não estava tão perto e não caí na armadilha de querer forçar para chegar junto do grande amigo por que isso poderia comprometer minha prova. Afinal, faltavam ainda 21k para correr.
Depois de deixar para trás o Joá e São Conrado era a hora de encarar a temida subida da Av. Niemayer. Foi ali que comecei a sentir as dores na panturrilha na minha primeira Maratona. Relembrei tudo que senti e dosei bastante na subida. Mas estava muito bem, e ainda inteiro.
Passei pelo 30º km tranquilo, com minhas primeiras passadas no Leblon. Faltava, ali, cerca de 12 km para a Aterro do Flamengo e a chegada. Superei a Niemayer muito bem e agora o terreno era basicamente plano. nada de descidas para nos "empurrar" nem subidas para "segurar". Era a gente com nossa força física mental apenas.
Já em Copacabana vi Tião, andando um pouco. Tinha parado para tomar água. Chamei-o para me acompanhar e ele veio. Seguia no meu ritmo, que a esta altura estava a 5min/km. Tião, que sentia um pouco de dor, resolveu segurar para chegar bem. Logo depois alcancei Ivanilson, que estava mais cheio de dores que Tião. Mas, forte como ele é, permanecia correndo, obstinado.
Depois do 2º túnel estava em Botafogo e já avistava o Aterro. Não consegui me conter e acelerei um pouco o ritmo. Nem olhava mais para o relógio. Estava querendo chegar e percebia que estava inteiro, disposto.
Cruzei a chegada com 3h41min, tempo bem melhor que o da minha primeira maratona, de 4h11, quando quase quebrei. E estava inteiro, o que me deixou muito contente. Depois, foi esperar os companheiros para a confraternização. Chegou Tião, Ivanilson, Cássio. Depois, juntou-se a nós o Ivan, primeiro a chegar. Nosso amigo fez a prova em 3h27min, e mostrou que valeu a pena toda a sua determinação dos últimos meses. Ivan correu bem demais.
Cássio chegou e, chorando, abraçou a todos os que o esperavam (eu, Aline, Tião e Ivanilson). Choro que vi antes, de um cara aos prantos, feliz por ter chegado. Fui dar uma força e pude perceber ali toda a magia que é correr e superar uma maratona. Ali e no Cássio, feliz e também chorando, me abraçando. Em Ivanilson, um corredor top de nossa equipe, dizendo que aquilo não era de gente. Da cara de realização de Ivan pelo excelente tempo feito. E de saber de todos que chegaram, entre eles Paulinho, que mesmo com dores fortes cruzou em 3h55 a linha de chegada feliz demais !!!!
E Dudu e Chamon, grandes amigos. Saibam que a superação de vocês foi até maior que a nossa, por que vocês, mesmo com dor, cruzaram a linha de chegada e não desistiram. Isso é ter força de vontade e garra também.
Às mulheres, Edna e Susete, as mulheres da Equipe X que completarem a Maratona, meus parabéns de verdade. Guerreiras, fizeram bonito em todos os treinos. São exemplos de determinação.
Foi bom demais. E melhor ainda será ouvir as histórias de cada um sobre a sua prova. Cada um tendo uma história para contar e um momento particular para partilhar.
Fica, hoje, meio que uma tristeza depois de tanto extâse. E uma prova que provoca isso. O final de semana intenso com os amigos, culminando na realização da maratona ou meia maratona ou mesmo 6k, deixou-nos mais que felizes. E voltar à realidade, à rotina não é fácil. Pelo menos para mim, que completei um prova onde a superação é intensa e a gente fica querendo que tudo seja diferente.
Agora é programar outra prova para manter o pique.
Valeu pela força de cada um, pela energia positiva, pelo carinho. Valeu, grande Pai, Deus, que me deu essa oportunidade e saúde para chegar lá e conseguir fazer isso, correr uma Maratona. Valeu aos treinador, Nirley, pelo treino espetacular que me fez fazer 42,195k como se estivesse correndo 10k. Valeu aos amigos, maratonas, que me acompanharam nestes tantos finais de semana motivando e a todos os amigos da Equipe X. Correr com esta turma é muito bom.
Boas passadas.