quarta-feira, 20 de julho de 2011

SÉRIE DEPOIMENTOS DE CORREDORES - ALINE E A MEIA MARATONA DO RJ

E aí, corredor?!

E vamos falar da Maratona Internacional do Rio de Janeiro novamente, só que desta vez nas palavras de outras pessoas. Depois de um post da minha amiga Sylvia, falando da Maratona de Amsterdã, na Holanda, chegou a vez de ler o depoimento da Aline sobre a prova carioca.

Aline correu pela primeira vez uma Meia Maratona. E ela escolheu a prova carioca para fazer esta estréia. Ou seja, um depoimento de quem nunca correu. Confira a emoção sentida pela corredora.

Aline, correndo feliz

" Realmente, não há uma corrida igual a outra...
Cada corrida realizada é uma história, um aprendizado, uma descoberta...
E, para mim, esse final de semana foi especial, aliás, foi muito especial...acredito até, que tenha sido um divisor de águas... um divisor do que era dúvida e do que é certeza....do que eu pretendia e do que realmente posso.....
E essa foi a importância da Maratona Internacional do Rio de Janeiro, em que, pela primeira vez, neste último domingo, corri uma meia maratona.
E foi lindo... “e o Rio de Janeiro continua lindoooo...”.
Fui para a prova bastante insegura...aliás, com um pouco de juízo a mais,  eu nem teria corrido...pois sempre acreditei que a corrida tem que ser feita com prazer, sem sofrimentos e sacrifícios excessivos. E há dois meses, venho tratando de uma bursite no quadril...afffffff.... logo no quadril...Enfim, apesar dela estar na fase aguda, com possibilidade de 100% de cura, a “bichinha” incomoda muito pra correr....ohhhh, trem que dói quando resolve atacar!!! 
Com isso, parei de treinar mais forte nos últimos tempos...só correndo leve e em períodos de ausência da dor... Mas hora nenhuma, eu desisti de fazer a meia do Rio...eu senti que poderia ir assim mesmo (não aconselho ninguém a fazer isso!!!!!! Rs...)...e fui!
Daí, juntou tudo...insegurança, ansiedade da pré-prova, medo de não completar, medo da dor, medo de ter que desistir...é ruim desistir... às vezes, é preciso saber a hora de parar... mas eu não queria que isso acontecesse e tive medo de ter que desistir... Porém, do outro lado, estava a vontade, o desejo de fazer os 21 kms no Rio, o desejo  de olhar pra uma das  paisagens mais incríveis que já conheci à velocidade dos meus passos.....e, por fim, o desejo de superar...
Pra quem não corre, isso parece muito louco.....e que seja louco! Às vezes, também acho que é loucura mesmo....
E o despertador tocou...5h da matina já estava em pé e 2 horas depois, a largada foi dada...apertei meu frequencímetro, disparei o cronômetro e lá fui eu carimbar minhas passadas pelas ruas cariocas...Demorei uns 30 segundos para passar pela linha da largada...e foi nesse momento, que me emocionei pela primeira vez..isso mesmo....primeiro choro, pois tive vários!!!!!!! Chorei pela oportunidade de estar ali...agradeci a Deus por aquele momento...pela oportunidade de correr em lugares tão bonitos e de celebrar a vida... 
Pois bem, meu objetivo era completar a prova, assim, estipulei um ritmo tranquilo pra correr...comecei bem leve, até estabilizar o ritmo...é uma delícia correr sem pressão, sem preocupar em fazer um bom tempo... e logo nos primeiros quilômetros, comecei a entender o que sempre escutei sobre correr no nível do mar!!!! Nossaaa, parecia que eu tinha 5 pulmões!!!!! E foi assim durante todo o percurso...em nenhum momento senti cansaço respiratório, fadiga e, pela primeira vez nos últimos tempos, não briguei com o meu psicológico que sempre me provoca a desistir....pelo contrário, lamentei quando percebi que a prova estava chegando ao fim...
E foram vários os momentos de emoção...além da largada, me emocionei muito ao sair do túnel do Joá, quando me deparei com uma das paisagens mais lindas que já vi...o sol sorrindo tímido atrás da montanha, refletindo no mar...momento único!
Segui em frente e um novo túnel...ah, pra variar, chorei de novo...luzes em formato de um grande atleta correndo refletiam nas paredes ao som do toque do hino nacional...e nessa hora, eu falei: SOU BRASILEIRA E NÃO DESISTO NUNCA! Toda a insegurança se foi.... eu tive certeza que cumpriria a prova!!!! 
Túnel passado e lá veio a temida subida da Niemeyer...mas eu estava correndo num ritmo tão confortável e com “5 pulmões”, que passei pela subida com muita tranquilidade...mas, foi nesse momento, que minha bursite deu sinal de vida de um jeito tímido...evitei não pensar nisso...... e continuei....curti cada momento, cada paisagem...corri com muitas pessoas ao meu redor...além da população que gritava palavras de apoio..
A organização da prova foi impecável...em tudo! A cada 3 km, bastante água...era tanta água, que nem dava tempo de sentir sede...rs..daí, eu usava a água gelada para molhar meu quadril, com a esperança de diminuir a dor....mas não teve jeito...correndo pela belíssima orla carioca já, por volta do km 13, 14, mais ou menos, o quadril começou doer pra valer.... diminuí um pouco o ritmo....e eu chorei de novo...foi nesse momento que comecei a sentir a prova...aliás, a batalha começava ali! Pensei: "AGORA É RAÇA, MOCINHA"!!!! 
A recompensa veio metros adiante. Lá pelo km 15, vejo um rapaz na calçada, perto de um quiosque, sozinho, incentivando solitariamente os corredores que passavam por ali. O cara gritava tanto, ele falava: "VÃO EM FRENTE PESSOAL....VOCÊS SÃO VENCEDORES...NÃO DESANIMEM, ESTÁ CHEGANDO...ESQUEÇAM TUDO AGORA E VÃO, FORÇA, GALERA!!!!!". Nossa....aquilo me emocionou tanto... Parecia que ele estava falando para mim... E aqueles gritos ficaram martelando no meu ouvido...passei a mão no meu quadril e falei para ele: "Aguente mais um pouquinho aí!" E mandei ver! 
Faltando uns 5 km para o fim da prova, tinha uma banda, tipo fanfarra, tocando para os corredores que passavam...parece meio brega, mas eu emocionei de novo...eles estavam tocando Carruagem de fogo, a musiquinha tema da São Silvestre! E os aplausos foram para eles.... Ah, foi emocionante demais!!  Achou que eu tirei o dia pra chorar...rsss....
E nos quilômetros finais foi uma mistura de emoções...eu precisava parar de correr, precisava chegar logo, mas ao mesmo tempo, já foi dando saudade da prova! Indiscutivelmente, a melhor que fiz até hoje...a mais bonita...a que mais curti...a que superei....E nos últimos metros, fui inundada de lembranças...lembranças da preparação para a prova, dos momentos de insegurança, dos momentos na fisioterapia, dos alongamentos na calada da noite... 
E, após 2:06 h, cruzei a linha de chegada com lágrimas e braços abertos ...abertos com vontade de abraçar o mundo...abraçar o Rio...vontade de abraçar, naquele momento, a todos as pessoas que tanto gosto...minha linda família, meus grandes amigos, meus grandes amigos feitos na corrida, o carioca incentivador na calçada de Copacabana, o Caique, que tanto me incentiva diariamente, a Ju ('Juuu, sou muito grata a você...a tua paciência e teu tratamento fisioterápico foram essenciais!!!')... enfim, e agradeci, mais uma vez, silenciosamente e euforicamente por dentro, a Deus, pela saúde e pelos movimentos corporais que me permitem a aventuras como essa....
Tudo vem de uma forma avassaladora à mente. A satisfação é enorme! Só quem esteve lá sabe o que é!!! Missão cumprida!!!!
Parece exagero, né? Afinal, 21 kms é uma distância nada fenomenal...mas foi importante para mim! Correr, definitivamente, virou paixão! E, depois, dessa, quero muito mais...mas primeiro, vou tratar desse quadril e que venham muitas e muitas provas....muitos e muitos momentos de superação e emoção, que dão um toque todo especial à vida...
Realmente, o Rio é uma lugar especial pra se correr....um lugar que te distrai tanto que você não percebe a distância....sempre lembrarei da minha primeira meia maratona com muito carinho! E que venha a de 2012....ou, quem sabe, a do mês que vem no Rio de novo...rs..!!!!!!!! "
Boas passadas.

2 comentários:

EQUIPE X disse...

Sentir emocao eh pouco ao sentir o que as palavras da Aline transmitem. A empatia e tanto que se sente o que ela sente. So quem corre pode fazer isso. Dar esse valor a vida.

Bel disse...

Comovente o depoimento da Aline! Me deu muita vontade de começar a correr. Só não sei por onde começar.... Bel