terça-feira, 21 de junho de 2011

PARA CORRER E COÇAR É SÓ COMEÇAR !

E aí, corredor?!

Não existe um esporte mais democrático do que a corrida de rua. As limitações existentes são bem menores que outro esporte e as que existem são iguais a eles: cuidados médicos e saber os limites do seu corpo.

Tanto é assim que, quando você participa de uma prova, percebe logo de cara tudo isso. Lá você todo tipo de gente envolvida. Temos corredores de várias faixas de idade, altos e baixos, magros e mais robustos, homens e mulheres, ou até mesmo atletas com problemas físicos como cadeirantes, cegos e aqueles com problemas motores.

E não existe qualquer limitador para que um cadeirante chegue, por exemplo, antes de uma pessoa sem problemas físicos. Na verdade, o limitador é o condicionamento e a experiência de cada um nas pistas.

A minha primeira prova oficial, em agosto de 2006, era uma corrida mais popular. E lá pude ver a diversidade de tipos que corriam, e olha que o esporte estava apenas começando a atrair adeptos em Brasília. Na ocasião, tivemos até uma prova mirim, só para a garotada de até 12 anos de idade.

Foi nesta corrida que de cara me deparei com a minha primeira surpresa: vi vários atletas com problemas de deficiência física. A maioria era de cadeirantes, mas tinha também um rapaz com sérios problemas motores, cujo movimento de braços e pernas era bem comprometido ou praticamente não existia e, mesmo assim, ele correu os 10k todos. Este mesmo rapaz eu vi 4 anos depois, ou seja, ano passado, em agosto, na Meia Maratona Internacional Caixa Cidade do Rio de Janeiro. Ele correu 21k sem mostrar cansaço no final. Um exemplo.

Ainda no início de minha jornada no mundo das corridas, já em 2007, fui surpreendido em uma prova de 10k por uma senhora, alta para o padrão feminino e robusta, nem um pouco magra, corria e consegui passa-la ainda na largada. Eu corria desenfreadamente, tentando me livrar do tumulto e ela mantinha um ritmo lento e compassado, sem se distrair com o ritmo dos outros.

Pois bem, depois da metade da prova, logo que viramos os 5k, ela me passou, sem dar chance de alcançá-la. E olha que me esforcei para isso, mas não teve jeito. Ela cruzou a linha de chegada uns 50 metros à minha frente.

Outra corrida que não esqueço foi a Meia Maratona Internacional da Caixa em Brasília do ano passado. No 12º km, um atleta pequenininho mesmo, quase do tamanho de uma criança, com suas passadas largas para o tamanho e sua força, me passava sem tomar conhecimento de mim. O cara deveria bater na minha cintura e eu, com minha pernas mais longas, não consegui sequer acompanhá-lo de perto.

Na Maratona Internacional Caixa da Cidade do Rio de Janeiro, em julho do ano passado, minha primeira e única até hoje, fui para a largada achando que nesta prova só iria encontrar atletas magros, com quase nenhum percentual de gordura como os atletas profissionais. Ledo engano.  Vi mulheres com corpos modelados, até mesmo atletas mais robustos que eu achei que não iria encontrar numa prova que exige tanto do atleta. E muitas pessoas de idade. Uma delas, inclusive, é conhecida em Brasília e completou os 42k, correndo tudo. Ela é chamada carinhosamente pela turma de Dona Dedé.

Este ano, na Volta do Lago Caixa, nossa equipe estava correndo bem à frente, e antes dela tinha um octeto com uma mulher baixa e robusta, que corria muito bem. E ela não ficou apenas com trechos fáceis não. Além de correr dois trechos, a primeira vez que a vi ela já estava completando o trecho do Piscinão do Lago Norte-Paranoá, um trecho complicado com uma intensa e longa subida no final, bem à frente do atleta de nossa equipe.

Mas eu não precisaria participar de provas para ver como a corrida é democrática e como qualquer um pode praticar o esporte. Na Equipe X temos vários exemplos de pessoas que, mesmo fora completamente do esteriótipo do corredor, se sobressaem e correm a cada dia mais.

Na Etapa de Inverno da Corrida da Adidas deste domingo, fiquei feliz com vários amigos meus que, iniciantes a poucos meses atrás, estavam felizes pois tinha conseguido correr todo o seu percurso sem andar em nenhum momento.

Talvez eles sejam os nosso maiores incentivadores, por que, dada a uma limitação um pouco maior deles em relação a nós, acabamos por perceber que podemos sempre mais, pois eles estão fazendo bem mais do que nós achávamos que conseguiriam.

Desculpem a todos por não me lembrar de nomes, mas sei do rosto de cada um e pude conversar com três deles. Primeiro, a pequena "sementinha", assim apelidada pela turma, que está conosco há cerca de 1 ano e vem evoluindo no seu ritmo, sem entrar no frenesi de outros colegas. Estava radiante por ter completado os 5k sem andar nenhum metro. E eu sei que é uma conquista por que ela nunca correu e, além da idade, teria como limitador o fato de ser mais baixa.

Também destaco um casal de cerca de 50 anos, cuja evolução é notória. Eles começaram mais andando do que correndo e domingo, por volta de 4 meses depois de começarem a treinar, estavam os dois completando juntos uma prova de 5k sem andar também.

Todos temos conquistas nas corridas, não importa o tipo físico, a idade, o sexo, a capacidade. Tudo depende mesmo é da determinação e da vontade e bater nossas metas, aliada à disciplina em treinar para se condicionar adequadamente para cada momento nosso no esporte. Além disso, e nunca é demais lembrar, sempre realizar uma consulta médica, antes de começar no esporte e depois também. 

No mais, é pegar o tênis e se aventurar nas pistas por aí.

Boas passadas.

4 comentários:

Vera disse...

Realmente, a diversidade de pessoas hoje nas corridas é muito grande. Fico até com receio de alguma delas estar correndo sem pelo menos uma orientação médica. É preciso cuidado, como orienta o seu texto.

Ana Paula/SP disse...

Muito interessante teu texto. Sou de SP e tento correr há alguns meses, mas tá difícil! As vezes, penso em desistir, pois acho que não tenho perfil de corredor, fujo de todos parâmetros que acredito que um corredor deve ter. Mas vou tentar por mais um tempo.
Abs!

CAIQUE disse...

Vera.

Acredito que, com tanta informação, as pessoas devem estar se prevenindo. Mas que a gente fica com receio fica.
E vamos correr! Conscientemente.

CAIQUE disse...

ANA.

Comecei a gostar de correr bem tarde. Antes nem curtia muito e hoje não consigo ficar sem. Mas sempre busquei respeitar os meus limites.
Neste 5 anos de corredor, já corri 5k, 10k, 21k e até uma maratona. E posso te garantir que, em se tratando de corredores amadores, não existe um padrão físico, um esteriotipo. O que importa é gostar e se respeitar. Então, se está curtindo, vai fundo por que vc vai gostar demais.
E vamos correr!