A INCRÍVEL CORRIDA DOS BATATAS QUENTES

Os incríveis Batatas Quentes, feras da Equipe X. Em pé, da esquerda para a direita: Aline, Adaura, Renata, Cássio, Ivan, Cláudio e Maurício. Sentados: Caique e Juliana

E aí, corredor?!

Que dia ontem! A experiência que cada um de nós, corredores da Equipe X - Os Batatas Quentes, foi inesquecível. Superamos nossas expectativas, as expectativas do nosso treinador e de todos os nossos amigos e surpreendemos até a nós mesmos. Performance incrível na Volta do Lago Caixa 2011. Uma estréia ímpar dos Batatas Quentes e que não vai dar para contar em poucas palavras.

O mais interessante de tudo, depois de todo o resultado, foi sabermos que tudo foi construído por nós mesmo. A equipe, depois de concebida, se envolveu em cada momento antes da prova. A construção da estratégia na casa da Renata, os acertos finais no Zimbrus e finalmente a entrega dos kits, pegos pela Adaura, no Da Mamma. E além de Daurinha, que se prontificou a pegar os kits, tivemos o Maurício, comprando todas as bebidas, preparando a Maltodextrina, as famosas batatas. Foi realmente um EQUIPE, com todas as letras bem grandes.

Mas depois falo da história dos Batatas Quentes antes da prova. Agora é hora de falar do incrível domingão que passamos juntos correndo às margens do Lago Paranoá. 

Desde o início nossa estratégia mostrou-se eficiente. Começamos a prova com Renatinha, descendo forte os primeiros 9,4 km da largada no Eixão Sul até a Concha Acústica. E tudo começou às 6h15 da manhã, na fria madrugada do dia 05 de junho de Brasília.

Renatinha entregou o chip para o Maurício com cerca de 2min a menos que o previsto e daí já percebemos que nossa previsão inicial de terminar a prova em 8h33 poderia ser superada. Maurício, como Renata, correu o mais que pôde e também entregou com cerca de 2min a menos o chip para mim.

Já tínhamos superado dois trechos, 17,4k, e neste momento constatamos nossa segunda grande surpresa na prova: estávamos entre as primeiras equipes e, entre as Equipes X, atrás apenas do quarteto masculino e da Fox, que neste trecho a gente conseguiu ultrapassar. Aliás, a outra grande surpresa da prova para nós foi que ficamos juntos com a forte equipe da Fox, "duelando" com eles durante toda a prova. A Fox é, há não sei quantos anos, o primeiro octeto economiário a completar a prova, só para dar uma idéia da força desta equipe.

Entreguei o chip também com cerca de 2min a menos e assim continuamos baixando o tempo previsto. Ivan foi o próximo que pegou a primeira grande trilha de terra - Maurício também encarou uma trilha, mas um pouco menor - e nos 4k do percurso ele também confirmou a diminuição do tempo. E lá foi o capitão Cláudio para o trecho mais longo da prova, os 9,7 km entre o Parque do Lago Norte e o Clube do Congresso.

Aqui as equipes começam a se destacar. Pelo tempo de prova e pela dificuldade cada vez maior dos percursos. E nós estávamos lá, entre os primeiros, como não esperávamos ficar. Cláudio, nosso corredor mais rápido, passeou pelos 9,7k e entregou para Adaura o chip, que deu o máximo de si, num trecho de 8,4k, chegando extenuada ao posto de troca para  passar o chip para o Cássio. 

E aí os trechos vão se tornando mais e mais complicados. Não só pela dificuldade como pelo horário. Estávamos a cerca de 4 horas correndo e com 53,6k percorridos. Cássio pegou 8,3k de um percurso cheio de subidas e descidas e com muitas curvas que dão aquela impressão que estamos já chegando no posto de troca, o que "quebra" o nosso psicológico totalmente. Temos que nos manter muito concentrados nestes trechos para não parar. 

Cássio passou o chip para o Maurício, que foi fazer seu segundo trecho na prova. E teve que   encarar um dos trechos mais difíceis às 11h. A madrugada fria, agora, havia se transformado em uma manhã de sol cada vez mais quente. Daí que as passadas vão ficando pesadas por conta do cansaço e da entrega. A maioria de nós agora iria partir para o seu segundo trecho.

Continuamos mantendo a nossa "pegada" e diminuindo os tempos da planilha. Estávamos com cerca de 15 minutos de vantagem. E ainda dando trabalho para a Fox, que também disputava o primeiro lugar da categoria Economiários com uma equipe de Goiânia. Estávamos bem perto deles sempre.

Aline foi a próxima, e em seu único trecho ele encarou a temida subidona da Barragem do Paranoá, uma subida que aumentou ainda mais por que o trecho de trilha foi alterado e os atletas, ao invés de descer, continuam subindo. Só no final vem aquela descida reconfortante, onde Aline chegou dando as mais largas passadas de sua vida. E foi tão rápida que nos surpreendeu ao vê-la chegar em tão pouco tempo.

E lá fui eu para o meu segundo trecho. E esse foi muito difícil. Tudo por que ele começa com uma subida de quase 2k, muito longa. E a gente, com o corpo frio, se esforça muito. Mas depois desta subida, é manter a concentração e seguir em frente, por que tudo fica mais fácil. E aí eu tenho que falar do apoio da Ju, na bike. Fundamental em todos os trechos e neste eu pude particularmente comprovar mais ainda. Não fosse seu apoio moral e os salvadores copos d'água, seria tudo muito mais difícil.

Isso por que peguei mais um trilha, e nela não temos apoio nenhum e ficamos sós. Como estávamos muito na frente, fiquei sozinho mesmo. E, para quem se desespera em trilhas, se perder não é difícil, apesar dela ser bem tranquila e ter sinalização. 

Mais 7,5k superados e aqui estávamos novamente à frente da Fox, que havia nos passado no trecho 7. Quando entreguei o chip novamente para o Ivan, tinha passado o corredor deles e colocado uma pequena frente. Para gente, só alegria. Logo depois eles nos passaram com o forte corredor Kennedy, que já havia feito isso antes. Mas estávamos felizes por que estar correndo com eles era uma surpresa agradabilíssima para a equipe.

Ivan mais uma vez se superou e entregou para Renata o chip, que iria para os 3,1k da QL 16 até o Pontão. Ivan fez mais 8k e havíamos percorrido mais de 83k nesta altura da prova.  Faltavam apenas 3 trechos e tínhamos menos de 7h de prova. Dava para fazer em menos tempo que o previsto.

Renata entregou o chip para o Cláudio fazer seu segundo trecho. O "capita" fez os 8k do Pontão até a L4 norte forte demais. E aqui mais uma vez o apoio da Ju foi fundamental, por que Claudinho chegou a se sentir mal e não fosse ela, com a água, seria difícil ele não "quebrar". Cláudio chegou quase desmaiando, realmente entregue ao cansaço. Incrível performance do "capita".

Cássio foi para o nosso último trecho, 6,2k nos separavam da nossa vitória pessoal. Corremos com ele eu e Maurício para fazer o pace e, mais a frente, Ivan se juntou ao grupo. Senti uma dor no pé por conta das viradas dadas na trilha e não consegui chegar com eles, mas no tempo que vi, Ivan molhava as costas de Cássio, panturrilha, para aliviar as dores. E Ju lá, com sua bike, entregando água para gente. Que Equipe, meus amigos. Que Equipe.

Chegamos com 8h08 de prova, quase meia hora abaixo da nossa previsão, que era de 8h33. Felizes demais com nossa performance e com tudo o que tinha acontecido nos trechos. Chegávamos com os postos de troca vazios, de tão na frente que estávamos. Quando a "muvuca" começava, já estávamos partindo. 

E ficamos felizes por nossa estratégia ter dado tão certo. A escolha dos trechos por atleta; Ju, principal "arma" da Equipe para nos superarmos, que pedalou conosco nos 100k; e toda a superação de cada um que correu. Corremos como loucos e as Batatas, meus amigos, ficaram bem quentes mesmo, fritando os asfalto da cidade, queimando as trilhas. Rasgamos os 100k com força. Foi incrível, do começo ao fim.

Os Batatas Quentes com Wanderley Cordeiro de Lima, 

ídolo do atletismo nacional

No final, muitas fotos e outra surpresinha: o padrinho da prova, Wanderley Cordeiro de Lima, atleta olímpico "medalha de ouro" em Pequim, fez questão de tirar uma foto conosco.  Alegria total.

Parabéns, Batatas Quentes ! ! ! E que venham outros revezamentos, por que essa equipe, do jeito que corre, vai ser difícil segurar.

BATATAS ! BATATAS ! BATATAS!

Boas passadas.