terça-feira, 3 de maio de 2011

VOLTA DA ILHA - A EQUIPE - PARTE 2

Parte da Equipe da Volta da Ilha. Da esquerda para a direita,
Em pé: Adaura, Nati, Aline, Diva, Gislene, Paula, Orion e Jailto
Agachados: Caique e Maria. Faltaram: Claudio e Lena
E aí, corredor?!

Na Volta da Ilha, participei de uma Equipe campeã, 12 guerreiros que se superaram em cada metro de chão vencido. A cada trecho, não era apenas um correndo, mas os 12 juntos em cada passada tal o comprometimento da equipe, tentando da nosso melhor para conseguirmos atingir nossa meta: passarmos por todos os postos antes do fechamento, o que já era considerado complicado até pelo nosso treinador, compreensível já que tinha muita gente estreiando na prova, como eu mesmo.

A Equipe recebeu o número 102 e era formada pelos amigos: Adaura, Aline, Claúdio, Gislene, Jailto, Lena, Maria, Natividade, Nilson, Orion e Paula, além de mim (Caique) e da Patrícia, que correu como reserva e pace da Lena. Fomos divididos em 3 carros, que carregavam os atletas entre os postos de troca e dava apoio aos que corriam.

Começamos a correr às 06h45 da manhã. Maria foi a primeira a superar o trecho de 7,1k de asfalto Na avenida Beira Mar.  Conseguimos fazer muito bem até o trecho 14, sempre fazendo a troca de atleta antes do tempo previsto na planilha do professor e muito antes do prazo para fechamento do posto. 

Porém, no trecho 14, quando Jailto já havia corrido dois outros complicados - na verdade, não existe trecho fácil demais na Volta da Ilha - ele sentiu o joelho, em um percurso dificílimo de muita subida e descidas íngremes,  entre o Rio Vermelho e a Praia e Joaquina.

Jailto, mesmo machucado, chegou para troca, mancando, numa imagem emocionante para toda a equipe. Passou o chip para o Orion e ficou lá, sentindo a dor e mancando. Foi um momento de tensão, por que tínhamos perdido a "gordurinha" que conquistamos, mas nada que desanimasse a equipe, que, assim como Jailto naquele momento e os outros que já haviam corrido, se superou mais ainda.

Conseguimos chegar nos postos com boa vantagem de tempo, de 5 ou até 10min. Depois de já ter enfrentado sol, praias de areia fofa, subidas terríveis, trânsito, calor. Mas sabíamos que ainda tinha muita coisa complicada. Superar o Morro do Sertão, trecho considerado o mais difícil da prova, com o prazo apertado de fechamento dos postos de troca era um complicador. E depois dele, quem corresse iria ter que encarar o escuro da noite e boa parte em estradas apertadas, dividindo espaço com motoristas afoitos por conta do trânsito de saída de praia.

O Morro do Sertão, trecho que fiz, é considerado o mais difícil e o grande desafio por que os atletas têm que correr 15 km em um trilha com intensas subidas e descidas fortes. Segundo Michel, motorista que nos acompanhava, tem carro com tração que tem dificuldade nas subidas do Morro, principalmente quando está chovendo. Ele olhava incrédulo para mim, achando aquilo uma loucura. E no posto, tinha gente até chorando por que temia encarar o percurso à noite.

Quando Cláudio me passou o chip de troca, o dia estava escurecendo. Eram quase 17h. Peguei e saí correndo. Meu principal receio era de me perder e queria fazer o Morro ainda com o dia claro. Então, imprimi um ritmo de 4:20/km no começo, tentando não distanciar de outros atletas para evitar me perder.

E o Morro foi tudo aquilo que me diziam os meus amigos que já o haviam encarado e o que Michel mencionou: terrível! Comecei correndo na areia da praia, depois passei para uma estrada com calçamento e aí peguei a trilha de terra. Nela é que ele se mostrou temido. Subidas atrás de subidas, uma maior que a outra. E ainda por cima, chuva e cascalho, que dificultava nas passadas. Tinham pontos que alguns atletas quase andavam, de quatro até, tudo para conseguir superar a subida. 

Eu nas primeiras subidas corri, mas nas mais íngremes, como todos ao meu lado, resolvi, ao invés de dar um trotinho, andar em passadas largas, O pace passou para 5:20, 5:40/km. Não foi fácil mesmo assim. E o engraçado era que vinha uma subidona e logo depois uma grande descida, que dava a impressão que o suplício tinha acabado, mas não. Logo depois, mais uma subida maior ainda que a anterior. Extenuante e impensável. Só correndo para sentir a dificuldade.

Mesmo assim, consegui superar o Morro antes de escurecer. Peguei a noite em calçamento e asfalto. Mas aí a preocupação passou a ser outra: os carros. Não tinha acostamento e muitos passavam colados e correndo perto da gente. Era impossível se concentrar na pista. E no asfalto mais subidas. Foram os 15k mais difíceis que já fiz na minha vida, sem sombra de dúvida. Tão complicados quanto a Maratona.

Quando cheguei o posto, Adaura já estava tensa. Ainda tínhamos tempo, pois cheguei, assim como os outros, com um prazo de cerca de 5 minutos para o fechamento do posto, acima do previsto pelo treinador, com 1h29 cravados e extenuado.

Adaura rasgou no trânsito complicado da noite de Floripa. A sua maior preocupação acabou sendo mesmo os carros. Corríamos com uma camisa preta, o que não dava visibilidade à noite e preocupou. Mas ele fez bem o seu papel e manteve nossa sobra. Sobra esta que ficou até o último posto, em que resolvi, faltando 4k dos 7,3 km totais, me juntar a ele para dar uma força. Chegamos muito bem, com o posto aberto, às 19h53, com pouco mais de 13 horas de corrida, numa vibração contagiante. 12 guerreiros que fizeram a festa na Volta da Ilha.

Boas passadas. 

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