sábado, 24 de julho de 2010

OVERTRAINING

E aí, corredor?!

Na minha equipe de corrida, volta e meia tem um amigo que para por conta de uma contusão, ocasionada no treino ou em uma competição. E não ser trata apenas dos atletas que tem o espírito mais competitivo. Às vezes, isso acontece até mesmo com um iniciante, que está na fase de alternar a corrida com a caminhada.

Tudo resultado da sobrecarga de exercícios que a gente impõe ao nosso corpo. Muitos de nós chegam a treinar 2 ou 3 vezes por semana e todo o domingo correr uma prova. Isso sem contar a academia, necessária para fortificar os músculos. O resultado é o chamado Overtraining, conhecido como síndrome do excesso de treinamento, e aí eu particularmente acrescento como treinamento também, pelo menos para nós corredores amadores, as provas que participamos.

O corpo precisa de repouso depois de exposto a uma carga de treinos ou uma corrida. Não é quanto mais forçamos e sentimos dor que estamos evoluindo. Na verdade, estamos caminhando para uma contusão que pode até mesmo nos tirar para sempre do esporte.

Nosso amigo e treinador, Nirley, não cansa de nos orientar para pegarmos leve. Não no sentido de treinarmos de maneira fraca. Mas respeitarmos as pausas. Em suas planilhas sempre existe pelo menos dois dias de pausa entre um treino e outro, para todos os níveis de atletas.

Mas, mesmo em nossa equipe, onde todos têm essa orientação, alguns amigos exigem, até mesmo achando que nada vão ter, e o corpo reclama.

Já vi colegas tendo um distensão e há tempos estar parado por conta de um tiro forte demais para quem está no seu primeiro dia de equipe. Outros, depois de uma prova forte como uma meia maratona, dão o máximo e acabam com um joelho doendo, uma canelite mais cronica, um calcanhar inchado.

Uma das principais recomendações dos especialistas é que cada um treine do seu jeito pois cada pessoa é uma pessoa. Eu não tenho o mesmo desempenho nem a mesma resistência física que meu amigo Jailto, corredor de mais de 50 anos da Equipe X que é um dos "top" da turma. 

O importante é que cada um conheça o seu corpo e nunca exija dele mais do que ele pode dar naquele momento. Evoluir de maneira gradativa é o mais sensato. As contusões podem não vir no mesmo dia ou no mesmo ano, mas uma hora o corpo cobra.

Durante o treinamento para a Maratona do RJ, tive um problema no calcanhar. Estava fazendo um tiro e, por conta de uma depressão do asfalto. acabei pisando errado e virando um pouco o pé. Não houve entorse, conforme constatamos eu e o professor por que logo depois já estava andando e fazendo outro tiro, mas uma dor insistente passou a me perseguir por pelo menos 3 semanas.

Reduzi um pouco a intensidade dos tiros nos treinamentos e obedeci a cartilha do treinador. A dor sumiu correndo. E lá fui eu fazer os mais de 42 km da Maratona, onde tive outra contusão durante a prova, uma cãibra na panturrilha, a qual curei com gelo, emplastro e repouso, junto com aparelhos leves na academia.

Pratico esta filosofia na corrida desde que passei a escrever este blog e, para isso, ler a opinião dos especialistas. Além disso, colho informações do meus amigos corredores e vejo pela minha experiência em treinos e corridas. Meu lema é "devagar e sempre". Devagar na evolução para correr por muito tempo por que sei que o meu corpo é forte, tenho uma saúde de ferro mas preciso cuidar do meu corpo já.

Comecei a correr em agosto de 2006 quando fiz meus primeiros 10k em 57 minutos. Em quase 4 anos consegui baixar, para alguns apenas e para outros bastante, 11 minutos neste meu tempo. Mas em compensação, aprendi a gostar do esporte, corri 3 meias, 1 maratona, vários longões, 3 Voltas do Lago Caixa onde a minha principal vitória foi apenas não me contundir nunca seriamente.

Não quero dizer com isso que sou um exemplo. Acredito que cada um tem um motivador para treinar a corrida. E cada um, como já mencionado, tem um tipo físico e de organismo. O que acho que todos temos que fazer é entender o nosso corpo, "conversar" com ele de forma que possamos prever e saber se estamos exigindo demais ou não. Podemos ser competitivos, rápidos, sempre os primeiros. Basta saber de que forma encaramos este "ser primeiro". Se for apenas por estar na frente dos outros, grande chance de um overtraining se não nos cuidarmos. Melhor, creio eu, é se for para ser o primeiro no sentido de vencer os nossos próprios limites, que se não forem os resultados tangíveis - um tempo mais baixo, por exemplo - que sejam aqueles que só nós podemos perceber - como a vitória por resistir ao duro desafio de uma maratona, uma Volta do Lago, ou até mesmo conseguir correr sem parar 5k. Cada coisa no seu tempo.

Boas passadas.

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