segunda-feira, 19 de julho de 2010

EU VENCI !

E aí, corredor?!

Consegui!

Corri os mais de 42 km da Maratona Internacional do Rio de Janeiro, minha primeira maratona. Mais de 18 mil pessoas, entre elas muitas de outros países, prestigiaram o evento, o que pode ajudar os organizadores a colocarem a prova no seleto grupo das grandes maratonas do mundo.

Não foi nada fácil. A corrida começou exatamente às 7h30. A cidade maravilhosa estava cinza, encoberta por um céu nublado e um vento frio. E na noite anterior a chuva havia sido constante e o mar revolto, com ressacas em várias praias.

Mas nada disso impediu-nos de realizar a nossa corrida. E que corrida. Não pensei que conseguiria e, mesmo já terminando a prova, tive medo de não conseguir cumprir o percurso. 


Saímos do Recreio dos Bandeirantes, bem no início da orla. Corremos 1,5k para dentro do bairro para depois voltarmos ao ponto da largada e, aí sim, pegar a pista da orla e ir rumo ao Aterro do Flamengo, em direção a chegada.

No Recreio, terreno plano. O desafio era fugir das várias poças deixadas pela chuva da noite anterior. Deixar o tênis encharcado logo no início da prova era um risco que não podíamos correr, já que o mesmo ficaria pesado e podia dificultar as passadas.

Acabando o Recreio entramos na Reserva, um trecho isolado, onde só tinha corredor. Fiquei olhando o mar, para distrair, e refletindo sobre tudo o que aconteceu para eu chegar até ali, até que comecei a avistar os prédios da Barra da Tijuca. 


Aqui, eu, que estava correndo com os amigos Nirley e Jailto, ambos da Equipe X, passei a ficar para trás. Os dois, mais experimentados, estavam bem preparados e num ritmo mais forte. Aí resolvi deixar eles irem por que sabia que não poderia aguentar.

Por conhecer bem a orla carioca, tinha noção das distâncias. O que para mim acabou se tornando um inimigo por que, como o fim de cada trecho não chegava, o meu psicológico começava a querer me arruinar. Senti isso justamente quando percebi como estava sendo demorado a gente vencer o trecho da reserva, que mostrou-se desafiador, mesmo sendo plano. 

Na Barra a pista para os atletas foi diminuída, já que o trânsito de carros não podia parar. Como ainda tínhamos muitas poças, agora fugir delas ficou mais difícil, e desta vez, optei por correr boa parte na ciclovia, mesmo sabendo que acabaria correndo mais do que deveria.

No final da barra, o trânsito estava intenso, mas já havíamos completado mais de meia maratona. Pegamos o elevado, uma subida curta, mas que se mostrou desafiadora por que o terreno era irregular, e acabei forçando mais uma perna do que a outra, o que se refletiria em dores mais tarde. Mas aqui um dos visuais mais impressionantes, com o mar batendo nas pedras e o visual das outras praias ao longe. Fiquei só imaginando se o tempo estivesse limpo.

Descemos o elevado e caímos em São Conrado. A pequena praia passou rápido para logo cairmos no trecho mais difícil, a subida de cerca de 2 km da Niemayer. Foi uma batalha. Ali muitos corredores quebraram, até por que foi na subida que chegamos aos 30k. Pude ver de perto o quanto é verdade a história dos "muro dos 30k", quando muitos quebram e não conseguem correr mais.

A descida para o Leblon foi uma benção. Deixei o corpo ir, abri a passada e segui. Aqui as dores começaram a aparecer. Minha paturrilha direita já "gritava" por socorro. Mas eu insistia e continuava, em um ritmo mais lento, correndo.

Passei por Ipanema e cheguei a Copacabana. Nessa altura, além da panturrilha da perna direita, também a da esquerda mostrava sinais de cansaço, até por que naturalmente comecei a compensar a dor em uma na outra. E os ombros também começaram a doer, mas nada que atrapalhasse.

Mas no quilômetro 36 eu quase parei. Tive medo de não conseguir prosseguir. A dor na panturrilha se intensificou e parecia que tinham dado um nó no meu músculo. A perna travou completamente e não me obedecia mais. Parecia que tinha quebrado um osso.


Tive que caminhar, e fiz no estilo "marcha atlética", caminhando rápido, conforme orientação do professor Nirley. Isso depois de uma massagem forte na panturrilha, tentado "jogar" a dor para o centro do músculo. Quando senti que dava para continuar a correr prossegui, em um ritmo bem mais lento, buscando chegar ao final.

E foi assim que, depois de 4h11 minutos de prova eu cruzei a linha de chegada, com o apoio do amigos e de vários desconhecidos que aplaudiam para nos encorajar. É uma emoção e tanto conseguir este trunfo. Ainda mais pelo sacrifício que a gente acaba impondo ao nosso corpo e, no meu caso, pelo extremo esforço que tive que fazer no final.

A gente acaba se considerando realmente um vencedor. É uma vitória e tanto. Afinal, 42,195 km não é para qualquer um não. Isso sem contar que, pelo meu GPS, percorri quase 2k a mais, fruto do trecho da Barra que fiz na ciclovia e que deve ter aumentado o percurso.

A prova foi a mais bem organizada que já corri. Muitos postos de hidratação, distribuição de gel, isotônico em vários pontos da prova, uma bonita medalha. A camiseta que deixou a desejar, mas tudo bem, não era tão feita assim não e o material é bom.

Agora, se me perguntarem se enfrentarei outra maratona dessa, eu hoje não sei responder. Quando cheguei, Maria, uma amiga da equipe, me perguntou isso, e eu respondi que nem pensar. Depois, mais tarde, falei que até poderia ser ano que vem e agora já digo que realmente não sei. Apesar do sacrifício, a realização de ter chegado até o final é única. 

Muito bom!

Boas passadas.

2 comentários:

Alessandra disse...

Caíque, vc voltou pilhado da corrida, pois mal chegou e já postou!!!!!
PARABÉNS!!!! Concordo: Vc é um Vencedor!
Acho que vc deve estar se sentindo Ultra Poderoso, não é? E não é pra menos.
Deve dar uma "lustrada na auto-estima".
Se qdo consigo cumprir os meus longões,já me acho o máximo...rrss
Imagino o q vc deva estar sentindo após uma maratona...
Mais uma vez: Parabéns!

Unknown disse...

Alessandra
Vc matou! A gente se sente realmente outra pessoa depois de superar este desafio. Nada será como antes.rsrsrs