segunda-feira, 27 de julho de 2009

DOR DO DIA SEGUINTE

E aí, corredor?!

Quem é que nunca sentiu, no dia seguinte de um treino mais puxado ou uma distância maior percorrida, aquela dorzinha incômoda? Tecnicamente ela é chamada de Dor Muscular de Início Tardio ou DOMS (da sigla em inglês para Delayed Onset Muscle Soreness). Na prática é a "dor do dia seguinte" -- a percepção de músculos trabalhados, às vezes apenas ligeiramente doloridos, outras com intensidade bem maior.

Ela é causada por esforço físico imprudente ou acima do habitual e ainda é erroneamente associada à concentração de ácido lático no músculo. 

A associação do ácido lático à dor muscular não é necessariamente equivocada, uma vez que o acúmulo dele no músculo de fato resulta em um quadro doloroso. Mas trata-se de uma dor aguda, que aparece durante e imediatamente após o exercício. Ocorre por falta de fluxo sanguíneo nos músculos ativos (isquemia) e, em razão disso, os produtos da atividade metabólica (acido lático e potássio) não podem ser removidos. Em excesso, eles estimulam os receptores dolorosos localizados nos músculos. A dor persiste até que a intensidade da contração para restabelecer o fluxo seja reduzida ou cesse. Estudos recentes sobre a DOMS comprovam, inclusive, que o ácido lático é eliminado do organismo em duas ou três horas após o término da atividade física.

A dor tardia, por sua vez, está associada ao esforço que provoca lesões em algumas células musculares (fibras), que por sua vez sofrem rupturas e derramam enzimas (creatinoquinase ou CK) na corrente sangüínea, levando a uma resposta inflamatória, causadora de edemas e dores. Ela ocorre de 24 a 48 horas após o término das sessões dos exercícios. E, dependendo do tamanho da lesão, o músculo pode demorar de uma a quatro semanas para cicatrizar completamente, explicam os especialistas.

As causas desses pequeníssimos traumas estão ligadas a fatores mecânicos e químicos. Os mecânicos dizem respeito ao esforço vigoroso: ou seja, você sobrecarregou o músculo com intensidade ou força, ele sofreu as microlesões e reagiu com dor. 

Já os químicos estão relacionados aos radicais livres - moléculas instáveis ou fragmentos de moléculas sem um par de elétrons em suas órbitas exteriores. A atividade física prolongada libera radicais livres, que destroem as membranas celulares, causam danos e prejudicam o remodelamento muscular. 

O estresse químico não pode ser totalmente anulado, mas tem seus efeitos minimizados por meio de antioxidantes, substâncias presentes em vitaminas, minerais e aminoácidos, que agem como uma espécie de escudo protetor. De acordo com muitos especialistas, no entanto, só a dieta - por mais equilibrada que seja - não daria conta da necessidade adequada, especialmente no caso de praticantes de atividade física regular e intensa. Vale lembrar que os produtos industrializados tem comprovada perda quando da sua industrialização e o suplemento só sob a recomendação de um especialista. O suplemento, na verdade, não substitui a alimentação adequada. 

O dia após o exercício que gerou a dor deve ser de regeneração. O descanso e a alimentação adequada após a atividade são fundamentais. Um trabalho regenerativo, com atividades leves, como uma caminhada ou até um trotinho, desde que a dor não seja um fator limitante, também contribui para o processo de reparação das fibras (dependendo do grau da lesão), pois aumentam a irrigação sanguínea no músculo afetado, afirmas os especialistas.

Sentir uma "dor gostosa" - não, isso não é coisa de masoquista - após o exercício é sinal de que seu corpo está reagindo e buscando melhorar sua performance. Mas diante de um quadro de dor mais forte ou prolongada, é recomendável reduzir a intensidade dos treinamentos para evitar uma lesão mais grave e procurar um especialista. Afinal, o que você quer é continuar se exercitando, não?

Fonte: Revista Contra o Relógio


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